quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Fumante, você tem o direito de permanecer calado

No início dos anos 2000 a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu qualquer tipo de anúncio alusivo ao consumo de tabaco na mídia brasileira. De lá para cá os impostos sobre o cigarro só aumentam, é um dos maiores em proporção ao valor do produto - quiçá, o maior. Avisos e imagens aterrorizantes nas embalagens de cigarro passam a ser obrigatoriedade das empresas que comercializam esse produto. Leis anti-fumo são adotadas com cada vez mais frequência, impedindo o cidadão de fumar o seu cigarro em locais fechados, como restaurantes e até mesmo bares ou casas noturnas.

Resumindo: você compra seu cigarro (pagando fortunas em impostos), é obrigado a ver imagens dignas de produções cinematográficas no melhor estilo Jogos Mortais, e, mesmo após tudo isso, não pode usar o produto enquanto toma sua cervejinha estupidamente gelada na mesa do bar. Até então tudo bem, afinal, o cara da mesa ao lado não fuma, o garçom também não, então cale-se e fume do lado de fora do bar. Mas a Anvisa não se deu por satisfeita, e o que se segue agora é um absurdo, um atentado à inteligência dos fumantes e de qualquer outro consumidor, seja lá do que for.


A Anvisa estuda proibir as ações de comunicação de produtos tabagistas nos seus respectivos pontos de venda. Então, ao se dirigir à banca para comprar seu cigarro, você não encontrará informações sobre os produtos que lhe interessam. E pior, se nas carteiras de cigarro boa parte da embalagem está ocupada com um pé dilacerado digno de produção hollywoodiana, a Anvisa agora deseja ocupar outros 50% do "outro lado" da carteira. Você provavelmente terá o direito de ver a logomarca da Marlboro, e olhe lá. No espaço anterior acostume-se com a seguinte frase: "Tabagismo é doença. Você tem direito a tratamento."

Não precisa ser fumante para perceber os absurdos que a Anvisa está cometendo. Atos como esses são atentados à democracia e a liberdade do consumidor, devem ser repugnados até pelo mais ferrenho opressor do tabaco. Fumar já foi lindo, hoje é feio, mas não pode, de modo algum, ser proibido. Mas proibir é mais cômodo, né Anvisa?

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