segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A voz do povo é a voz da incerteza

Provérbio Revisto - Newton de Lucca

"A voz do povo
é a voz de Deus...
Que povo?
Que Deus?

O que beijou Stálin?
O que delirou com Hitler?
Ou o que soltou Barrabás?
(Será que Deus já não teria se
enforcado em suas próprias cordas vocais?)"


O povo é uma onda, quase que literalmente. Começa pequena, cresce e morre. São muito confusas e no meio desse processo podem derrubar, confundir e assustar muita gente que estiver pelo caminho. Tem uma coisa que o povo faz ainda melhor: levantar. O povo levanta, dá moral, dá poder.

Lembram do mais recente vilão das manchetes mundiais? Pois bem, o parlamento egípcio o escolhia sempre como o único candidato à presidência, mas adivinhem quem referendava essa decisão? Foi então que o próprio Murabak (pressionado pelos EUA e por grupos internos) decidiu alterar a fórmula de votação. O povo podia finalmente votar, escolher livremente seus candidatos e exercer o pleno direito da democracia. Mas o povo não foi às urnas. Estima-se que em algumas cidades, menos de 30% da população exerceu seu direito ao voto. Murabak foi reeleito com mais de 80% dos votos e continou - mais absoluto que nunca - no poder. Ah, o povo... É claro que os aliados de Murabak fizeram o possível e o impossível para que o resultado fosse esse, mas foi negado pela própria Organização Egípcia para os Direitos Humanos que os abusos relatados fossem suficientes para alterar o iminente: o povo queria Murabak no poder, o povo teve.




Bom mesmo é saber que o povo se cansa. E é maravilhoso quando isso acontece. Ver o povo derrubando alguém mostra o quão humano ainda somos. É errar, reconhecer o erro e lutar pela correção. É nesse processo de destruição de um poder que o povo se mostra unido. Milhões numa praça, pintando rostos, bandeiras e panelas nas mãos. São todos os instintos reprimidos pela sociedade transbordando para fora de nossos corpos, sem nenhuma culpa ou julgamento. É a incerteza dando lugar a uma única e absoluta certeza: o povo unido, jamais será vencido!

Esse post tem um motivo muito simples: pela primeira vez, em quase 22 anos de vida, eu vejo o sentimento de revolta e fúria nos olhos dos natalenses. Esse sentimento torna vivo o homem. Vamos, natalenses! Às panelas!

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