sábado, 19 de março de 2011

O pseudo-rico

Muito se prega por humildade. Inclusive, costumam confundir humildade com pobreza. Nem todo pobre é humilde, e vice-versa. Eu acho uma bobagem se irritar com aqueles que saem por aí exacerbando de todas as maneiras possíveis seus poderes aquisitivos. Na verdade, às vezes eu fico com vergonha alheia, mas é só isso. Afinal, o sujeito fez por merecer o dinheiro que tem, oras. Ou ele trabalhou muito, ou o cara que comeu a mãe/avó dele trabalhou muito, enfim... Não é da minha conta.

Agora, tem uma coisa que irrita. O liso, fudido, safado e escroto que paga de rico. Esse tipo de sujeito transmite uma raiva descomunal. Vale ressaltar que alguém que tem esse tipo de comportamento muito provavelmente teve uma infância problemática, o que o transformou num adulto(?) complexado. Geralmente são de classe média que, assim como a maioria de nós, tem lá suas condições financeiras. Mas para ele não basta, ele colocou em algum momento da sua cabeça que é rico. Mas como dinheiro não vem com um mero incentivo psicológico, ele continua liso. Eis que surge o problema...

Identificando um pseudo-rico

O pseudo-rico tem por obrigação gozar no pau dos outros. Note que os "outros" serão sempre pessoas da alta sociedade, ou que exercem algum tipo de poder no cenário onde vivem. Se conversar com um, notará que o assunto sempre levará para carros importados ou whiskies centenários. Falar o preço daquilo que se está comentando é regra obrigatória.

Veja uma dramatização entre um diálogo de dois seres comuns e um pseudo rico:

Ser humano comum 1: Caralho, festa ontem foi irada demais, cerva rodada!

Ser humano comum 2: Massa, rolou até que horas?

Ser humano comum 1: Rapaz, até umas 05:00h, e a cerveja não tinha acabado!

Pseudo-rico entrosando: Eu saí ontem também, cerveja Heineken rodada. (perceba a intecionalidade na marca da cerveja). Mas de cerveja eu prefiro a Stella Artois. Mas nem tomo muito cerveja, meu negócio é um Johnnie Black com um "Redzin".

Ser humano comum 2: Hm. Legal. (com ar de constrangimento)

Ser humano comum 1: Massa, sou muito fã de whisky não.

Pseudo rico: Pode crer. É uns 120 conto lá no Carrefour, sem contar os Red (Bull).

Nesse momento o diálogo se encerra, os seres humanos comuns 1 e 2 saem com um sentimento de vergonha alheia.

Enquanto isso, o pseudo-rico se pergunta: "Será que eles perceberam que eu sou rico e tomo whisky importado? Será que eu deveria ter dito a eles que ontem eu fui no shopping comprar uma camisa polo rosa de R$200,00? Será que eu deveria ter dito a eles que o vizinho da minha avó viajou para os Estados Unidos?

Algum tempo depois o pai dele o busca, num Palio 2005 e perguntando se ele está com o troco da coxinha/suco pra colocar de combustível. Pobre rico...

sábado, 12 de março de 2011

Se dando bem em Natal: Os Papa-açaí de Oakley colorido

Tem coisas que só acontece em Natal mesmo. Aqui, o objetivo pessoal da grande maioria dos jovens e adolescentes é um só: estar em evidência. Então foda-se quais são de fato os seus gostos e estilos. Para estar em evidência não precisa de muita coisa, na verdade, é possível fazer uma lista bem simples de ser seguida, veja abaixo:

Para onde ir

Procure saber o local mais cobiçado do dia, em 2 minutos você faz isso no Facebook/Twitter. Mas prepare-se: pode ser uma rave ou um show de forró. Você não tem escolha, o esquema é simplesmente estar onde todos estarão.

Como se vestir

Ao dia, comece com uma sandália Havaianas, uma bermuda típica dos surfistas (embora a maioria não surfe de verdade), e alguma camisa de marca semelhante às das bermudas. Compre uma corrente de prata, a mais grossa que puder, use sempre para fora da camisa, não aditar ter e não mostrar. Não vá aparecer na rua com uma Kenner no pé, vestindo uma camisa da Pena e usando uma corrente de aço cirúrgico no pescoço, poderá ser confudido com um marginal.

Agora, o item mais importante do vestuário: UM ÓCULOS COM LENTES COLORIDAS DA OAKLEY. Lembre-se que ele tem que ser maior que sua cara inteira, e as lentes devem ser hidrofóbicas (embora você não surfe com ele ou tome banho de chuva). Sem isso, meu caro... seu fracasso é certo.
À noite, você pode usar tudo que fora citado acima, não encontraria problemas, principalmente se estiver numa rave. Caso tenha que ir para um show de forró, barzinho ou semelhante, opte por uma calça jeans (nem preciso dizer que deve ser de marca), uma camisa Polo de nome complicado (abercrombie, hilfigher e afins), e tênis com molas suficientes pra aparar um caminhão.

O que consumir

Ao dia, encha o rabo de açaí e fume maconha. De noite você pode ir de Vodka, Whisky e/ou drogas sintéticas (se não aguenta, finja que usa). Lembre-se quando sair das festas passar em algum fast-food e anunciar isso no Twitter ou Facebook, não precisa colocar o número da promoção.

Fisolofia de vida


Pregue sempre o ceticismo. Idolatre Bob Marley, toda frase bonitinha que ver na internet coloque em seu nick e afirme ser dele. Não diga que ama Asa de Águia ou Chiclete com Banana, isso é ultrapassado, a onda agora é eletrônica, portanto como opção musical demonstre o gosto pelo Trance, House (progressivo, regressivo, declinado, tranversal, whathever). Finja amar a natureza, os animais e critique sempre que puder a Rede Globo e os EUA. Isso mostrará que você não é alienado.

Pronto. Você agora se tornou um sujeito muito bem visto. Prepare-se para aceitar os amigos aos montes em sua conta do Facebook. É comum que nas redes usem palavras comumente usadas pelo pessoal do sudeste, como abras e lek (abraço e muleque, respectivamente). Com o tempo você pega o jeito, quando menos esperar já está falando o mesmo dialeto também.

PS: Nunca pense em nada disso que está fazendo, seu dia é corrido demais para isso. Se insiste em pensar, pode se sentir medíocre, mas isso faz parte do jogo. No dia seguinte fume seu beck e mate a larica com um açaí que tudo volta ao normal.

Não há preconceito, há sem-vergonhice

Preconceito, de pré + conceito, conceito prévio de algo que supostamente não se conhece, uma vez que ao prever, apenas se supõe.

Como culpar uma criança branca que maltratava psicológicamente os escravos de seu pai, tendo esta criança nascido em 1700 e sido ensinada desde sempre que os negros transmitiam doenças e eram seres amaldiçoados por Deus? Hoje em dia, por exemplo, é repugnante ver um pai espancando uma filha por um simples "namorico" de colégio, podendo inclusive levar à prisão do pai, mas perguntem às suas respectivas avós e avôs o que eles pensavam disso em 1950.

Em ambos os casos as mudanças foram gradativas, foi-se adquirindo conhecimento e mudando comportamentos. Viu-se que a cor da pele em nada influenciava a capacidade fisiológica e psicológica de um ser. Estudos mostraram que bater e educar são antônimos, e o que nossos avós entendiam por respeito, nada mais era que medo. Com informação, senso crítico e dissernimento, não existe preconceito.

Você pode estar se perguntando: ué, mas meu primo negro foi xingado de "macaco" em seu ambiente de trabalho! E eu respondo: isso é coisa de mau caráter, cara de pau, filho da puta, ou qualquer outro adjetivo pertinente. Preconceito não é! O cara que xingou seu primo sabe muito bem que ser negro não influencia em absolutamente NADA na vida de ninguém. Então seu primo muito provavelmente foi xingado por aquilo que mais poderia atingi-lo e menosprezá-lo. Se ele fosse baixo, gordo, feio ou qualquer outra característica que pudesse o ofender, pode acreditar... ela teria sido usada a favor do agressor.

Quem merece ser discriminado é aquele que comete a agressão, sabendo o que está fazendo. Se uma criança acha estranho a presença de um portador da Síndrome de Down no mesmo ambiente que ela, ensine-a. Se um adulto, com ensino médio completo e acesso ao google.com acha essa mesma presença estranha e age com alguma indiscrição, denuncie-o. Ele não é preconceituoso, é filho da puta e mau caráter.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Da série tribos de Natal: O pseudo-interiorano

Natal é uma das capitais brasileiras que mais evoluiram nos últimos tempos. Cresceu em todos os sentidos, do tecnológico ao econômico. Mas a querida Cidade do Sol ainda possui algumas características comuns à pequenas cidades e municípios: todo mundo se conhece e, a partir disso, fofocam. Todo mundo sabe o que fulano fez, faz ou deixa de fazer. As mais diversas tribos se relacionam entre si. É comum ver metaleiro em show de forró ou pagodeiro curtindo uma rave. Ainda assim esses grupos tão visíveis em Natal tem, cada um, suas gritantes particularidades. E é sobre essas características que me proponho a falar, de acordo com a minha visão generalizada sobre o assunto.

Hoje, conheceremos um pouco do pseudo-interiorano:

Criados em apartamentos de luxo nos melhores e mais caros bairros da cidade, esses sujeitos fazem questão de exaltar as badaladas infâncias que tiveram em seus interiores/fazendas. Contam do quanto costumavam andar à cavalo, derrubar bois ou tomar cachaças de nomes estranho. Na verdade, quanto mais feminino e esdrúxulo o nome da cachaça, melhor. Comumente são parentes de algum político/fazendeiro advindos do "coronelismo" tão marcante nessas cidades. O que esses sujeitos não contam é que, no fundo, cresceram tomando Coca e jogando video-game, mas se perguntados sobre o assunto, com certeza esbravejam afirmando que: "tomava leite direto nas teta di Juana(vaca), majó". (esse twitter genial ilustra bem isso: @gadelhajunio).

Forçam ridiculamente um sotaque inexistente na vida deles, onde o "V" ganha som de "R", afinal, quanto mais sotaque, mais interiorano. Possuem ainda vestimentas e dialetos bem característicos:

Traje

- Camisa Polo de marca importada. Quanto mais difícil for a pronúncia da marca, melhor. (Tommy Hilfiger, Abercromie e Fitch, etc)
- Calça Jeans igualmente importada.
- Bota ou sapato de couro.
- Chapéu, utilizado somente em ocasiões especiais como shows de forró ou vaquejadas.

Dialeto

Bichinha: Mulher, geralmente jovem e/ou muito produzida.
Majó: Como são conhecidos os grandes fazendeiros, políticos ou pessoas influentes do interior.
Frases terminando em "é não u que": Acredito que isso seja uma resposta antecipada a algum questionamento que fosse ser feito sobre o que acabou de dizer.

Religião

Católicos. Frequentam a igreja 1 ou 2 vezes no ano, em festas de padroeira e afins.

O que sonha na vida

Comprar uma pick-up de luxo, aprender a montar no cavalo sem que o caseiro da fazenda o segure, comprar uma fazenda e rezar pra que um dia também o chamem de "majó".

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Fumante, você tem o direito de permanecer calado

No início dos anos 2000 a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu qualquer tipo de anúncio alusivo ao consumo de tabaco na mídia brasileira. De lá para cá os impostos sobre o cigarro só aumentam, é um dos maiores em proporção ao valor do produto - quiçá, o maior. Avisos e imagens aterrorizantes nas embalagens de cigarro passam a ser obrigatoriedade das empresas que comercializam esse produto. Leis anti-fumo são adotadas com cada vez mais frequência, impedindo o cidadão de fumar o seu cigarro em locais fechados, como restaurantes e até mesmo bares ou casas noturnas.

Resumindo: você compra seu cigarro (pagando fortunas em impostos), é obrigado a ver imagens dignas de produções cinematográficas no melhor estilo Jogos Mortais, e, mesmo após tudo isso, não pode usar o produto enquanto toma sua cervejinha estupidamente gelada na mesa do bar. Até então tudo bem, afinal, o cara da mesa ao lado não fuma, o garçom também não, então cale-se e fume do lado de fora do bar. Mas a Anvisa não se deu por satisfeita, e o que se segue agora é um absurdo, um atentado à inteligência dos fumantes e de qualquer outro consumidor, seja lá do que for.


A Anvisa estuda proibir as ações de comunicação de produtos tabagistas nos seus respectivos pontos de venda. Então, ao se dirigir à banca para comprar seu cigarro, você não encontrará informações sobre os produtos que lhe interessam. E pior, se nas carteiras de cigarro boa parte da embalagem está ocupada com um pé dilacerado digno de produção hollywoodiana, a Anvisa agora deseja ocupar outros 50% do "outro lado" da carteira. Você provavelmente terá o direito de ver a logomarca da Marlboro, e olhe lá. No espaço anterior acostume-se com a seguinte frase: "Tabagismo é doença. Você tem direito a tratamento."

Não precisa ser fumante para perceber os absurdos que a Anvisa está cometendo. Atos como esses são atentados à democracia e a liberdade do consumidor, devem ser repugnados até pelo mais ferrenho opressor do tabaco. Fumar já foi lindo, hoje é feio, mas não pode, de modo algum, ser proibido. Mas proibir é mais cômodo, né Anvisa?

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A voz do povo é a voz da incerteza

Provérbio Revisto - Newton de Lucca

"A voz do povo
é a voz de Deus...
Que povo?
Que Deus?

O que beijou Stálin?
O que delirou com Hitler?
Ou o que soltou Barrabás?
(Será que Deus já não teria se
enforcado em suas próprias cordas vocais?)"


O povo é uma onda, quase que literalmente. Começa pequena, cresce e morre. São muito confusas e no meio desse processo podem derrubar, confundir e assustar muita gente que estiver pelo caminho. Tem uma coisa que o povo faz ainda melhor: levantar. O povo levanta, dá moral, dá poder.

Lembram do mais recente vilão das manchetes mundiais? Pois bem, o parlamento egípcio o escolhia sempre como o único candidato à presidência, mas adivinhem quem referendava essa decisão? Foi então que o próprio Murabak (pressionado pelos EUA e por grupos internos) decidiu alterar a fórmula de votação. O povo podia finalmente votar, escolher livremente seus candidatos e exercer o pleno direito da democracia. Mas o povo não foi às urnas. Estima-se que em algumas cidades, menos de 30% da população exerceu seu direito ao voto. Murabak foi reeleito com mais de 80% dos votos e continou - mais absoluto que nunca - no poder. Ah, o povo... É claro que os aliados de Murabak fizeram o possível e o impossível para que o resultado fosse esse, mas foi negado pela própria Organização Egípcia para os Direitos Humanos que os abusos relatados fossem suficientes para alterar o iminente: o povo queria Murabak no poder, o povo teve.




Bom mesmo é saber que o povo se cansa. E é maravilhoso quando isso acontece. Ver o povo derrubando alguém mostra o quão humano ainda somos. É errar, reconhecer o erro e lutar pela correção. É nesse processo de destruição de um poder que o povo se mostra unido. Milhões numa praça, pintando rostos, bandeiras e panelas nas mãos. São todos os instintos reprimidos pela sociedade transbordando para fora de nossos corpos, sem nenhuma culpa ou julgamento. É a incerteza dando lugar a uma única e absoluta certeza: o povo unido, jamais será vencido!

Esse post tem um motivo muito simples: pela primeira vez, em quase 22 anos de vida, eu vejo o sentimento de revolta e fúria nos olhos dos natalenses. Esse sentimento torna vivo o homem. Vamos, natalenses! Às panelas!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Quem quer rosquinha?




Meu caro leitor meliante, lhe trago uma ótima notícia: você não precisa mais correr. Tudo isso graças ao total despreparo da Polícia Militar. Se o lema é servir e proteger, eu e Marcelo D2 perguntamos: servir a quem? Proteger do que? Claro que diferente do rei do raprockandrollpsicodeliahardcoreragga, eu estou preocupado mesmo é com o preparo físico dos nossos policiais. Eu que não confio num sujeito que pesa 120kg da mais nobre e pura gordura. Principalmente quando se trata de uma profissão que exige completa aptidão física e psicológica, tendo em sua grande maioria gordinhos sedentários? Nada contra os gordinhos, desde que minha vida não esteja nas mãos deles, e que para me salvar eles precisem correr.

Como não encontrei (e não deve existir) pesquisa para constatar tal fato aqui no Rio Grande do Norte, cheguei a uma pesquisa realizada com os Policiais Militares do RJ. O quadro é alarmante, e eu garanto que aqui é ainda pior. Enquanto cerca de 32% da população adulta brasileira está com sobrepeso, na PM esse número aumenta para absurdos 67%. Ou seja, 2 em cada 3 policiais não tem condições de alcançar o cara que roubou seu relógio e saiu correndo. Na verdade, o mais provável é que ele tenha um infarto no meio da perseguição. Isso mostra que nossa integridade física está à mercê de uma cambada de despreparados. Muito por desleixo deles mesmos, muito por falta de investimento e qualificação do governo. Enquanto não se encontra um culpado temos apenas uma certeza: eles precisam de dieta.

Porém, policiais gordinhos com falta de preparo não são uma exclusividade do Brasil, mas lá fora eles tem a desculpa da rosquinha... Hmmm. Rosquinha é muito bom. Está servido? E protegido?


Referências:
- http://abordagempolicial.com/colestrategia/obesidade-na-pm.pdf